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Ar Fresco

sexta-feira, setembro 09, 2005

O Problema das Línguas/Literaturas (III)

Após o último post “O Problema das Línguas/Literaturas (II)”, de 12 de Abril, onde se reflectiu acerca dos curricula das universidades e da consequente desilusão dos alunos, ficou no ar a questão das saídas profissionais.

A esmagadora maioria dos alunos universitários de Letras tende a ir para uma de duas áreas: ensino e tradução. A primeira se em tempos foi uma profissão honrada, com um bom vencimento e segurança no posto de trabalho, hoje é o que se sabe – insegurança, desemprego e falta de perspectivas futuras. A segunda é uma mina para poucos, pois nem sempre se consegue trabalho regularmente, e tem de se optar frequentemente pelo risco de uma carreira como freelance.

Para agravar a situação, para além das duas carreiras mais perseguidas serem precárias e com riscos, os alunos de Letras sofrem também de alguma discriminação relativamente a outros cursos. Passo a explicar: se pensamos numa qualquer função administrativa ou num cargo médio, e se for apenas exigida a licenciatura (independentemente do curso), os alunos de Letras ficam rapidamente para segundo lugar perante alunos dos cursos técnicos, i.e. gestão, economia, direito, etc.

[Muitas vezes ignora-se que um aluno de Letras tem “potencialmente” uma cultura geral, acima da média, um domínio da(s) língua(s), que poderiam potenciar a qualidade da comunicação das empresas.]

Por todas estas razões, seria fácil acabar com os cursos de Letras ou promover fusões entre cursos, diminuir drasticamente o número de vagas, entre outras soluções. Quanto a mim, os cursos devem obviamente ser reformulados, mas não no sentido de os “tecnicizar”. Ou seja, deve-se procurar novas maneiras de motivar alunos para esta área, nomeadamente através da criação de novas saídas profissionais.

A maneira como é que isto deve ser feito, quer pelas faculdades/universidades, quer pelos alunos, quer pela sociedade será discutido no próximo post.

P.S. – É sempre admirável como os media gostam passar notícias do género: “licenciados em Letras são os com maior taxa de desemprego” e “curso superior não garante emprego”. São duas notícias tão óbvias como dizer que no Inverno choveu e que no Verão fez sol. Só contribuem para os mais incautos fugirem da Universidade e, principalmente das Letras.

2 Comments:

  • os iseguianos tão kontigo pá!!

    By Blogger T04, 1998, at 2:26 da tarde  

  • O ensino era sem dúvida um emprego que garantia alguma segurança relativamente ao futuro profissional e pessoal. Muitos escolhiam-no como única forma de avançar. Outros escolhiam-no porque lhe estava no coração a transmissão de conhecimentos. Hoje em dia parece-me que, perante a insegurança que o ensino acarreta, só mesmo aqueles que seguem o coração optam por dar aulas. Infelizmente, numa sociedade onde somos meros números, o esforço e a dedicação não são recompensados. Consequência ... o mesmo coração que nos leva para esse caminho acaba destroçado ...
    Palavras de quem, neste momento, sente muitas saudades dos seus alunos...
    Ana Cristina M

    By Anonymous Anónimo, at 8:43 da tarde  

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